...Tudo sofre, tudo crê tudo espera, tudo suporta.
Gosto de pensar em mesmo como um homem de livros. Estou sempre lendo algum livro, artigo, texto, bulas ou o que quer que tenha palavras. Dentre meus autores favoritos, gosto muito de C.S. Lewis (Teólogo auto de “As Crônicas de Nárnia”, livro que eu amplamente recomendo) e Tolkien (amigo de Lewis e autor de “O Senhor dos Anéis”), além de vários outros. Sobre os românticos, já li vários e vários, desde o romantismo suicida de Shakespeare em “Romeu e Julieta”, o cavalheirismo e distinção de Alexander D’umas em “O Conde de Monte Cristo” e a paixão obsessiva de Machado de Assis em “Dom Casmurro”. Já saboreei poemas, sonetos e canções, de Vinicius de Moraes em seu “Soneto de Fidelidade”, de Fernando Pessoa, de Camões. Muitos desses textos são belos, inflamados, cheios de ternura, mas nenhum deles é a minha interpretação favorita deste sentimento, o amor. Sua definição mais pura e completa se encontra na primeira carta de um certo Paulo (outrora chamado Saulo, cidadão romano nascido em tarso) endereçada à alguns amigos de Corinto. Esta carta tornou-se um livro da Bíblia e foi dividida em capítulos, e no décimo terceiro capítulo encontramos o texto o qual me refiro.
O autor começa falando em como o Amor valoriza e enobrece o homem e suas obras, de forma que se este homem tem tudo exceto amor, ele nada tem:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.”
Depois ele passa a falar em como o amor é supremo em si mesmo e dá suas características, muitas das quais contradizem os famosos autores românticos:
“O amor é sofredor (é paciente), é benigno (é gentil); o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha ;(...)”
Em seguida, o apóstolo fala sobre a supremacia do amor sobre todas as coisas, quando tudo passar, o amor ainda vai permanecer:
“(...)mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;”
Então, nosso autor explica por que a descrição dos outros autores é ineficaz e incompleta, ainda que bela: é uma visão parcial, ofuscada, muitas vezes só uma pincelada do que realmente é o amor.
“Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.”
Então, caros, entendemos que a descrição de Amor que Paulo dá é muito maior que as outras porque fala do amor de Deus. O amor com que Deus nos ama e nos encoraja a amar uns aos outros. Vivendo numa época em que o amor é banalizado, muitas vezes sendo confundido com atração sexual ou o que quer que seja, eu escolho a definição de Paulo por minha definição de amor. É assim que eu quero amar. Termino então com as mesmas palavras com que Paulo o décimo terceiro capítulo da primeira carta aos coríntios:
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.”
Danilo Curcio